Por que não
devemos comprar animais? -
Erica Fontoura
Se
para muita gente parece estranha a idéia de ter um
animal de estimação que não tenha sido
comprado, queremos aqui demonstrar que estranho é justamente
comprar animais.
Se entendermos que animais não são mercadorias,
mas seres capazes de sentimento, que têm necessidades
de amar e de serem amados, concordaremos que não há
sentido em se comprar animais.
Nós não compramos um amigo humano, porque deveríamos
comprar um animal?
Há uma cruel tradição humana de entender
que animais são coisas, são produtos, são
fonte de renda e de lucro.
O comprador de animais em feiras de filhotes muitas vezes
não tem consciência disso, assim como desconhece
a quantidade imensa de animais que aguardam adoção
ou que aguardam a morte no corredor final do CCZ, Centro de
Controle de Zoonoses das prefeituras. Muitas pessoas inclusive
chamam a 'carrocinha' desconhecendo que ali os animais na
sua grande maioria encontrarão apenas doença
e morte.
Queremos chamar as pessoas à consciência do
mal que causam inadvertidamente ao adquirir/ comprar / pagar
por um animal de estimação.
Por outro lado, as pessoas desconhecem o que é um
criadouro. Em geral, pouco se conhece dos criadores, pois
nas feiras, vêem-se apenas os filhotinhos. E quem resiste
a um filhotinho? Ainda mais se puder parcelar em cinco vezes...
Existe uma verdadeira Indústria de filhotes, que lucra
mediante o sofrimento dos animais.
O Movimento de Proteção Animal em todo o país
recebe um número cada vez maior de denúncias
contra criadores. Nos últimos anos sugiram muitos criadouros
'de fundo de quintal', mas os criadouros luxuosos e que vendem
animais por uma fortuna também escondem crueldade e
abuso por trás dos anúncios que trazem lindos
animais.
As fêmeas são chamadas de 'matrizes' numa clara
evidência de que se trata de um 'negócio'. Essas
fêmeas têm filhotes após todos os cios.
Quando as fêmeas envelhecem e não servem mais
como reprodutoras, muitas vezes são abandonadas ou
sacrificadas. Acontece o mesmo com os machos velhos que são
usados em exposições. Além disso, como
freqüentemente é feito cruzamento entre parentes,
nascem animais com problemas físicos, que também
são abandonados, por não possuírem valor
comercial.
O risco de ver os animais como produtos é esse: para
aumentar os lucros, vale tudo.
Por outro lado, é preciso reconhecer que aquilo que
representaria 'um bom criador', isto é, um criador
com escrúpulos, não seria muito lucrativo. Isso
porque todo mundo que já teve uma família de
cães e gatos em casa sabe como filhotes e mães
não gostariam de se separar até 60, 90 dias.
Isso significa que o criador já deveria estar incluindo
ração na alimentação, vacinas,
tratamento para vermes e pulgas. Ou seja, um 'bom criador'
deveria ter tido despesas que diminuiriam esse lucro que pretendem
ter no seu 'negócio'.
Mesmo o 'bom criador', porém, sempre comete o que
entendemos ser o maior erro: considerar os animais como mercadoria.
Animais precisam ter sua dignidade respeitada, ser vistos
como são, seres vivos com consciência da dor,
da separação, da falta de liberdade para passear,
para não ter filhotes em gestações sucessivas
e todo o sofrimento que sempre advém quando são
considerados coisas, produtos a gerar lucros.
Os animais não nos pertencem!
Então não devo ter animais?
Bem, não se trata disso. Uma vez que o mal da domesticação
já foi feito e os animais já foram vítimas
dele, há três coisas que DEVEMOS fazer:
A primeira é adotar animais que foram abandonados.
Se você não tem coragem de pegar o cachorrinho
ou gatinho que cruza por você todo dia na rua (por não
saber o que fazer com ele ou por não ter como pagar
os primeiros tratamentos), busque os sites de adoção
de animais que já foram recolhidos da rua e aguardam
uma casa definitiva.
Vá aos links deste site e busque as ongs que fizeram
esse trabalho por você. Já é um apoio
e tanto.
A segunda saída para o dilema de como ajudar os animais
abandonados que sofrem nas ruas é não permitir
que os seus animais ou de seus conhecidos procriem. O número
de animais abandonados é grande demais, já não
há lar para todos. Não aumente o problema, ajude
a diminuí-lo. Os animais não têm qualquer
necessidade de ter filhotes, como querem nos fazer crer. Não
ficam mais calmos nem mais felizes por isso.
Por fim, você pode contribuir e muito, divulgando essas
idéias. Conversando com as pessoas, porque a maior
parte delas são pessoas bem intencionadas, e apenas
mal informadas sobre a questão animal. Esclareça
as pessoas que elas não valerão mais por terem
animais de raça, não ficarão mais bonitas,
nem mais importantes. Pelo contrário, quem vale, vale
independentemente de coisas exteriores, vale por si.
E adotar um animal abandonado, sem raça, sem beleza
externa só mostra o valor e a beleza de quem adota.
Então, alie-se às seguintes idéias:
Amigo não se compra, se adota.
Animais não são mercadoria, não são
produtos.
Faça um explorador de animais trabalhar, não
compre ! Há muito trabalho digno no mundo humano. Ninguém
que vive de vender animais parará de comer se esse
'mercado' desaparecer. E esse mercado deve desaparecer!
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