Geriatria
Prepare-se para enfrentar a velhice
do seu amigão.
Os anos passam muito mais rápido para os cães.
Levando-se em conta que a vida média desses animais
é 12 a 15 anos, podemos dizer que aos 7 ou 8 anos,
eles começam a envelhecer.
Existem animais que podem viver muito mais do que a média.
Alguns cães chegam aos 18 ou 20 anos. Nesses casos,
existem 2 fatores envolvidos que justificam essa longevidade:
predisposição do organismo e os cuidados que
ele receberá quando começar a envelhecer.
O dono deve ficar atento e conhecer as doenças que
podem acometer seu animal a partir de 7 ou 8 anos de idade.
Com isso, ele poderá preveni-las ou diagnosticá-las
a tempo do animal receber o tratamento adequado. Isso certamente
prolongará a vida de muitos cães.
1. Calcificações
nas vértebras da coluna ("bico de papagaio"),
hérnia de disco e artrose:
É muito comum em cães idosos e obesos. O animal
pode começar a mancar e ter dificuldade de pular ou
subir em locais mais altos, como um sofá. Quando palpado
na região da coluna, ele sente dor. O quadro pode progredir
e o animal passa a ter incoordenação nos membros
(cruza as pernas traseiras ao andar), não consegue
mais se levantar, urina e defeca em qualquer lugar (incontinência).
O desgaste das articulações (artrose) também
é comum nessa idade. O cão sente dores ao executar
movimentos simples.
O diagnóstico dessas patologias é feito através
do raio-X simples, tomografia e/ou mielografia (radiografia
da coluna vertebral usando contraste).
Como tratar: está ocorrendo compressão dos nervos
e inflamação na região da coluna afetada
pela hérnia ou calcificação. O cão
deve repousar e ser medicado pelo veterinário com antiinflamatórios
e analgésicos. O cão que apresentar sinais graves,
como paralisia, deve ser submetido a exames como raio-X, tomografia
e mielografia para avaliar o grau da lesão. O animal
não deve tomar banho ou ser submetido a temperaturas
frias durante o tratamento ou quando tiver crises de dor.
Em alguns casos, o tratamento é cirúrgico.
No caso de artrose, o tratamento consiste na administração
de analgésicos, antiinflamatórios e medicamentos
que estimulem a formação de cartilagem. Em todos
os casos é possível associar-se terapias alternativas
ao tratamento, como a fisioterapia e acupuntura.
2. Doenças do coração:
Uma grande porcentagem dos cães idosos tem alguma alteração
cardíaca, principalmente nas válvulas do coração.
Muitos animais compensam essas disfunções e
vivem bem, sem sinais clínicos. Outros apresentam sinais
claros de cardiopatia, mas o dono não sabe reconhecer.
Cansaço além do normal durante os passeios,
tosse que pode ser confundida com um engasgo após exercícios,
ofegação e língua arroxeada após
uma situação de excitação, são
sinais de um cão cardiopata. O animal deve ser examinado
pelo veterinário, que indicará um eletrocardiograma
e/ou um ecocardiograma para avaliá-lo.
Como tratar: é importante que o proprietário
esteja atento, para que o animal seja medicado no início
da doença. Mesmo não apresentando sinais clínicos,
o animal idoso deve ser examinado pelo veterinário
anualmente. Constatada a cardiopatia, o cachorro será
medicado e os sinais deverão desaparecer. Isso prolongará
em muito a vida do cão. Cães cardiopatas não
devem ter peso acima do normal (obesidade) ou ser submetidos
a longas caminhadas forçadamente. Veja seção
de cardiologia para maiores detalhes
3. Catarata:
A catarata é uma condição em que o animal
vai perdendo a visão gradativamente, uma vez que o
cristalino (estrutura interna do olho) vai tornando-se translúcido.
Quando observado à luz, o olho do animal tem manchas
esbranquiçadas. Com o passar do tempo, a catarata evolui
e o animal passa a não enxergar, já que o cristalino
está totalmente opaco e o animal tem os olhos bastante
esbranquiçados.
Como tratar: diagnosticada precocemente, a catarata pode ser
tratada para que sua evolução seja mais lenta.
Nem todos os casos respondem bem ao tratamento. No caso de
cegueira, existe cirurgia para catarata em animais. Algumas
raças apresentam predisposição à
catarata e ela pode aparecer precocemente, em animais novos.
Veja seção oftalmologia para mais detalhes
4. Insuficiência renal
crônica
Quando o rim perde a sua capacidade de selecionar o que é
bom ou mau para o organismo e não consegue mais reter
a água, temos um quadro de insuficiência renal
crônica. Os sinais são emagrecimento, ingestão
exagerada de água, urina em grandes quantidades, perda
de apetite, vômitos e anemia.
Como tratar: a insuficiência renal crônica é
um quadro que leva o animal à morte, pois o rim, que
é o filtro do organismo, não funciona mais.
Ele deixa passar substâncias importantes como vitaminas,
e retém toxinas que deveria eliminar. Porém,
diagnosticado a tempo, o animal pode ter uma sobrevida com
uma mudança alimentar e complementos vitamínicos.
A hemodiálise pode ser realizada. O transplante renal
também pode ser realizado em animais.
5. Piometra:
Cadelas idosas que apresentem sinais de perda de apetite,
vômitos, aumento súbito do volume do abdômen,
corrimento vaginal intenso e apatia, devem ser encaminhadas
ao veterinário imediatamente. A piometra é uma
infecção uterina que acomete cadelas idosas.
O útero se enche de secreção purulenta
e o animal se intoxica pela absorção desse pus
pelo organismo.
Como tratar: O tratamento eficaz na maioria dos casos é
a cirurgia com retirada do útero e ovários e
antibioticoterapia. Em alguns casos (doença detectada
precocemente e cadelas reprodutoras) pode ser tentado tratamento
para preservar o útero, mas nem sempre se consegue
resultados. Preconiza-se a castração de cadelas
jovens como prevenção da piometra na fase adulta.
Veja maiores detalhes em: piometra
6. Tumores:
Nem todo tumor é um câncer. Nas cadelas, o tumor
mais comum ocorre nas mamas. Tumores de mamas são freqüentes
e podem ser percebidos facilmente pelos proprietários
como um ou vários nódulos nas glândulas
mamárias das cadelas. A maioria dos tumores de mama
é benigna, mas o veterinário deve acompanhar
a evolução e indicar a remoção,
caso ache necessário. A biópsia é sempre
indicada após a retirada de qualquer tumor. Todo nódulo
que aparece em um cão, idoso ou não, deve ser
avaliado pelo veterinário. O diagnóstico precoce
pode salvar ou prolongar a vida de um animal com câncer.
Como tratar: pode-se recorrer à remoção
cirúrgica e/ou quimioterapia. A radioterapia em cães
é realizada em alguns países. Veja mais detalhes
em: oncologia
7. Diabetes:
Ela pode aparecer em qualquer cão. Cães idosos
e/ou obesos podem se tornar diabéticos. O cão
diabético apresenta magreza, embora coma muito. Bebe
água exageradamente e urina demais. Pode apresentar
catarata associada ao quadro.
Como tratar: A administração de insulina é
feita em cães para o controle da doença na maioria
dos casos. Veja mais detalhes em: diabete
8. Perda dos dentes:
É algo que o dono pode e deve prevenir. O cão
perde os dentes pelo acúmulo de tártaro. Os
animais devem ser avaliados anualmente desde jovens, e a prevenção
e/ou remoção do tártaro (quando necessário)
devem ser feitos. Quando o dono percebe que a boca do seu
cão cheira mal, é hora de visitar o veterinário.
O ideal é fazer a prevenção. Quando é
feita a limpeza de tártaro tardiamente, muitos dentes
já estão perdidos. Alimentar o animal com ração
seca pode ajudar a prevenir o tártaro, além
de outras medidas. Veja detalhes em: odontologia
Quanto à alimentação, vale ressaltar
que existem rações para cães mais velhos
(rações sênior). Dê preferência
a elas para animais acima de 7 anos.
Silvia C. Parisi
médica veterinária - (CRMV SP 5532)
Webanimal
www.webanimal.com.br
|